Abstração
Uma exposição quando bem concebida não requer curadoria. Quando existe
diálogo entre todos os envolvidos, quando existe interesse na promoção da arte
contemporânea emergente, quando existem critérios no espaço, quando existe uma
genuina vontade de desenvolver a carreira do artista e assegurar uma exposição
generosa ao público, o resultado é bom para todos. Embora a figura de um curador,
em geral, agregue valor a exposição e eles sejam relevantes em grandes
organizações, não é sempre necessário dar tanto destaque a uma figura que pode ser coadjuvante. Estamos particularmente contentes com esta
exposição porque fomos agentes do processo, incentivamos vigorosamente o
artista a executar estas pinturas, que nunca teriam sido feitas, pelo menos tão
cedo, se não fosse nossa insistência com o amigo. As pinturas apresentadas
lembram logo de cara Pollock, o que revela coragem em seguir esta referência,
mas Túlio Tavares não joga tintas de maneira oportunista porque faz pinturas
gestuais há mais de 15 anos, dentre outros inúmeros projetos cutting
edge. Ainda assim tem sua própria técnica, diferente do dripping: usa jatos
de bisnaga e espalha tintas com as mãos, num gesto ritualístico e de imersão na
matéria. Agradeço a todos que acreditam na Aberta Galeria, em particular Túlio
Tavares, a Karen Keppe, Rogério Borovik e Samira Br.
Ricardo Ramalho
Túlio Tavares recentemente inaugurou o novo MAR (Museu de Arte do Rio de Janeiro) com uma instalação de co-autoria com diversos coletivos que trabalharam em ocupações. Ele coordena o coletivo Nova Pasta, que agrega diversos artistas. Mistura em seu portifólio desenhos, pinturas, vídeos, fotografias, produção de performances políticas, intervenções urbanas, performances, manipulações da mídia, projetos curatoriais e mostras de arte contemporânea em espaços oficiais e alternativos.